A literatura de Socorro Acioli, que estava em maré boa, virou maremoto com a publicação de “Oração para Desaparecer” no final de 2023 —a obra foi mais vendida da livraria oficial da Festa Literária Internacional de Paraty, após a presença festejada da autora cearense em uma das mesas.
Se “A Cabeça do Santo”, seu primeiro romance adulto, teve dez reimpressões nos nove anos transcorridos do lançamento até ali, só nos últimos 18 meses ele acumulou mais 12.
Agora a escritora está chegando à marca dos 200 mil exemplares vendidos na Companhia das Letras —os dois livros citados puxam a fila, mas a cifra inclui também as outras publicações de Socorro na editora, como o infantojuvenil “A Bailarina Fantasma”.
Só no último mês de janeiro, foram vendidas 12 mil cópias de “A Cabeça do Santo”, provando que a água não refluiu. Mesmo assim, ela não relaxa. Seu próximo livro, “Delírio San Pedro”, está caminhando a todo vapor, conforme ela conta à coluna durante uma viagem pelo rio Negro no projeto de turismo literário “Navegar É Preciso”.
O plano de Socorro é publicar ainda neste ano um romance que se destaca do resto de sua obra em um aspecto central —afasta um pouco os olhos da religião e se volta à saúde mental.
Para quem não se lembra, “A Cabeça do Santo” tira seu mote de um homem que ouve preces de mulheres ao dormir dentro da cabeça de uma estátua gigante de santo Antônio; e “Oração para Desaparecer”, que ganhará uma versão cinematográfica com Alice Carvalho, conta a história de uma mulher desmemoriada a partir da inspiração de uma igreja que passou décadas debaixo da terra.
O vigor mágico, encharcado de Gabriel García Márquez, deve continuar ali. “Delírio San Pedro” será sobre um garoto criado em um hospital psiquiátrico que, ao ser enganado por um malandro, acaba parando num prédio clandestino onde todos os moradores têm seu próprio jeito “fora do normal” de entender a realidade, nas palavras da autora. E eles elaboram um fantástico plano de fuga.
O tema toca perto de casa para Socorro, que também compartilhou no evento amazônico a maneira como precisou lidar, na infância, com os transtornos psiquiátricos de sua mãe, que tinha diagnóstico de esquizofrenia.
NÃO SE NASCE… A psicanalista Vera Iaconelli, colunista da Folha, deve lançar seu próximo livro já em meados deste ano, depois da ampla repercussão do “Manifesto Antimaternalista” e da coletânea de artigos “Felicidade Ordinária”, todos da Zahar. A nova obra abordará o processo de análise da autora, contando pela primeira vez sua história familiar e suas experiências no divã, somadas aos insights que passou a ter conforme avançava sua formação em psicologia. O título será simplesmente “Análise”.
…TORNA-SE A Bienal do Livro do Rio montou uma mesa sobre a relação da Palestina com a literatura e a memória, reunindo duas autoras internacionais: a portuguesa Alexandra Lucas Coelho, autora do novo “Gaza Está em Toda Parte”, e a chilena Lina Meruane, que lança o ensaio memorialístico “Sinais de Nós” e uma edição ampliada de “Tornar-se Palestina” com prefácio de Milton Hatoum —que também estará na mesa. A conversa, que acontece às 12h de 21 de junho, será mediada por Laura Di Pietro, editora da Tabla.
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