A privacidade na religião também tem relação com o período escravocrata em que africanos e seus descendentes tiveram que se proteger da repressão e perseguição do Estado.
Para David Dias, pai de santo da umbanda, mestre em ciência da religião e autor do livro “Sincretismo na Umbanda”, essa superexposição provoca não só uma simplificação dos conceitos das religiões de matriz africana, como também as colocam em um lugar de superficialidade.
“Há uma tendência de descontextualizar elementos que, lá dentro do terreiro, são sagrados. Pessoas que não fazem parte vão ler de forma distorcida, sem o devido entendimento. Então tudo parece muito simples de ser feito e observado, e mais ainda de ser reproduzido”, afirma.
Rodney William, pai de santo do candomblé, doutor em ciências sociais e autor do livro “Apropriação Cultural”, faz um contraponto. Para ele, é importante entender que a internet faz parte do cotidiano dessas religiões e seus adeptos. A questão, neste caso, diz respeito muito mais ao que é exposto na rede do que ao ato de expor em si.
“As redes sociais, de uma maneira geral, são um canal para que a gente mostre o que de fato essas religiões são, mas isso tem que ser feito com responsabilidade, mostrando a beleza do nosso culto e sua função social que é tão importante”, explica.
A candomblecista Patrícia Carvalho, de 29 anos, costuma usar o TikTok e acredita que o espaço das redes sociais poderia ser usado para popularizar as religiões, compartilhando seu valor histórico e social, não expondo as práticas que são sagradas.