As petroleiras independentes brasileiras devem apresentar evolução nas métricas operacionais no primeiro trimestre deste ano (1T25), conforme apontam os relatórios de prévia de XP Investimentos, Bank of America (BofA) e Itaú BBA, destacando bons números antes da queda da commodity por conta das tarifas dos EUA.
As projeções para PRIO (PRIO3), Brava Energia (BRAV3) e PetroReconcavo (RECV3) indicam crescimento de receita e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) na comparação com o trimestre anterior (4T24), embora com algumas limitações provocadas por preços médios do petróleo estáveis e dinâmicas de comercialização.
Para a PRIO, a XP Investimentos diz que o trimestre marca a consolidação de um período completo com a produção do campo de Peregrino, adquirido no fim do ano passado. A produção média foi de 109,3 mil barris por dia, um avanço de 25% em relação ao trimestre anterior. A companhia também intensificou as vendas, com 10,2 milhões de barris comercializados (+43%) trimestre contra trimestre (t/t), liberando estoques acumulados no 4T24.
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A XP estima receita líquida de US$ 657 milhões (+28% trimestralmente), Ebitda de US$ 446 milhões (+33% t/t) e lucro líquido de US$ 169 milhões, número pressionado por efeitos não recorrentes. O Bank of America, por outro lado, projeta um Ebitda de US$ 476 milhões, alta de 52% na base trimestral, enquanto o Itaú BBA estima US$ 475 milhões, com lucro líquido de US$ 188 milhões. Tanto o BofA quanto o BBA mencionam que os preços mais baixos associados à comercialização do petróleo de Peregrino podem limitar os ganhos da empresa, mesmo com maior volume.
A Brava Energia deve apresentar melhora mais expressiva após um 4T24 com operações interrompidas nos campos de Papa-Terra e Atlanta. Segundo a XP, a produção totalizou 71 mil de barris de óleo equivalente por dia (boe/d), (+80% t/t), sendo 59 mil barris de petróleo por dia — o dobro do volume do trimestre anterior. A estimativa da corretora é de receita líquida de R$ 3 bilhões (+56% t/t), Ebitda de R$ 1,08 bilhão (+114% t/t) e lucro líquido de R$ 85 milhões.
O BofA é ainda mais otimista, projetando Ebitda de R$ 1,195 bilhão (+131% t/t), atribuído ao início da Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência (FPSO, na sigla em inglês) Atlanta e à normalização de Papa-Terra. A XP observa que a alavancagem da Brava continua elevada (dívida líquida/Ebitda de 2,8x), limitando o ritmo de desalavancagem mesmo com a recuperação operacional.
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Para a PetroReconcavo, as prévias indicam crescimento mais moderado. A XP estima produção média de 27,3 mil boe/d (+4% t/t), com produção de petróleo em 16,3 mil barris por dia (+5% t/t) e receita líquida de R$ 858 milhões (+2% t/t). O Ebitda projetado é de R$ 418 milhões, com lucro líquido de R$ 292 milhões.
O BofA estima números semelhantes, com Ebitda de R$ 430 milhões, beneficiado pela combinação entre aumento de produção e redução de custos operacionais. O Itaú BBA projeta receita de R$ 872 milhões, Ebitda de R$ 421 milhões e lucro de R$ 237 milhões, reforçando que o crescimento de 4% na produção frente ao 1T24 deve puxar o desempenho.
Distribuição de combustíveis
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No segmento de distribuição e refino, os analistas também veem avanços, ainda que com menor intensidade. A Vibra Energia (VBBR3) deve apresentar expansão das margens em função da valorização dos estoques, compensando parcialmente os efeitos sazonais negativos sobre o volume vendido. O Itaú BBA prevê Ebitda ajustado de R$ 1,703 bilhão, lucro líquido de R$ 590 milhões e receita de R$ 41,5 bilhões. Já o BofA estima uma margem Ebitda de R$ 164/m³ (sem vendas de imóveis), com Ebitda ajustado isoladamente de R$ 1,359 bilhão.
A Ultrapar (UGPA3), segundo o Itaú BBA, pode registrar resultado levemente positivo puxado pela Ipiranga. A expectativa é de margem em R$ 144/m³, com Ebitda ajustado consolidado de R$ 1,378 bilhão e lucro líquido de R$ 446 milhões. O BofA vê estabilidade nas margens da Ipiranga, com leve retração no Ebitda.
No setor petroquímico, a Braskem (BRKM5) tende a apresentar melhora após o fraco desempenho do fim de 2024. O BofA estima Ebitda de US$ 274 milhões, em alta de 185% t/t, apoiado por recuperação parcial dos spreads.
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As análises mostram que a expansão dos volumes, normalização operacional e estabilização dos custos devem ser os principais vetores do desempenho financeiro no trimestre. Contudo, os analistas também chamam atenção para pontos fora do resultado, como novos projetos, política de dividendos e uso da geração de caixa. Para as empresas de menor porte, a alocação de capital e a exposição a flutuações nos preços internacionais continuam no radar dos investidores.