Afirmou isso numa carta sobre o papel da literatura na educação que publicou há pouco tempo, já no final da vida, após mais de década como maior líder da Igreja Católica.
Nela, disse ainda que o menosprezo à literatura não traz boas perspectivas. Leva ao empobrecimento intelectual e espiritual, priva os não leitores de um acesso privilegiado ao cerne da cultura e ao coração dos homens.
“Quando se lê uma história, graças à visão do autor, cada um imagina, do seu jeito, o choro de uma jovem abandonada, a idosa que cobre o corpo do neto adormecido, a paixão de um pequeno empreendedor que tenta ir diante apesar das dificuldades, a humilhação de alguém que se sente criticado por todos, o rapaz que encontra no sonho a única saída para a dor de uma vida miserável e violenta”, registrou Francisco.
Também escreveu: “Uma obra literária é um texto vivo e sempre fértil, capaz de falar de novo e de muitas maneiras, capaz de produzir uma síntese original com cada leitor que encontra. Este, enquanto lê, enriquece-se com o que recebe do autor, mas isso permite-lhe, ao mesmo tempo, fazer desabrochar a riqueza da sua própria pessoa, pois cada nova obra que lê renova e expande o seu universo pessoal”.
Bergoglio publicou diversos livros em vida. São obras reflexivas, teológicas e de fundo histórico. Na Itália, acaba de sair uma antologia reunindo reflexões que escreveu sobre essa importância que via na literatura para a formação de qualquer pessoa. O livro se chama “Viva la Poesia!”, foi organizado por Antonio Spadaro e editado pela Ares.
Como faz pouco tempo que foi relançado um outro livro envolvendo diretamente Bergoglio: a coletânea de histórias breves “Cuentos Originales”. Esta tem valor acima de tudo pela ligação entre o futuro papa, então professor, e um dos maiores escritores da história. Falo novamente de Jorge Luis Borges.