Há exatos 60 anos, o Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, passou a ser o gabinete e a residência oficial do governador. Apesar da construção de um complexo administrativo no centro da cidade, previsto para ficar pronto em 2029, essa situação não deve mudar. Mas o mandatário estadual terá um espaço para despachos no complexo, que será erguido em torno Palácio dos Campos Elíseos, na avenida Rio Branco, atual sede da Secretaria da Justiça e Cidadania.
A história do Palácio dos Bandeirantes é cheia de idas e vindas e envolve diretamente a família Matarazzo, que, desde o final da década de 1930, planejava criar uma universidade. Logo depois da morte do patriarca Francisco, em 1937, que fundou e comandou o maior grupo industrial do país, seu filho, Francisco Júnior, herdeiro do conglomerado, passou a pensar na criação da Universidade Comercial Conde Francisco Matarazzo e tratou de analisar um local para instalá-la.
A ideia evoluiu até a década de 1950, quando se definiu um terreno para sua localização e começaram a ser feitos os primeiros estudos arquitetônicos para construir o palácio. Na época, a Fundação Conde Francisco Matarazzo encomendou um projeto ao arquiteto italiano Marcello Piacentini, que desenhou o Edifício Matarazzo, antiga sede do grupo empresarial e hoje endereço do gabinete do prefeito de São Paulo.
No entanto, segundo o jornalista e pesquisador Everton Calício, especializado na história da família Matarazzo, divergências sobre o nome e a administração da futura instituição de ensino – cogitava-se uma parceria com a EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV) –, bem como desentendimentos com Piacentini, levaram à rescisão do contrato e à substituição do projeto original.
“A responsabilidade pelas obras passou para o engenheiro Francisco da Nova Monteiro, funcionário do grupo Matarazzo, que abandonou a concepção racionalista inicial do projeto e adotou um estilo mais eclético, com elementos neoclássicos”, diz Calício. A obra foi iniciada em 1955 e foi prolongada por causa de dificuldades financeiras do grupo.
Só viria a ficar pronta em 1964 sem que o projeto da universidade tivesse sido concretizado. Naquele ano, o imóvel foi desapropriado pelo governo do estado, durante a gestão de Adhemar de Barros, e passou a ser chamado de Palácio dos Bandeirantes. Em 1965, o gabinete do governador foi transferido do Palácio dos Campos Elíseos para o Morumbi. Depois da desapropriação, a construção sofreu várias reformas para a criação de espaços para escritórios, de prédios anexos e para abrigar a ala residencial.
Construção suntuosa, o Palácio dos Bandeirantes possui 270 salas, além de corredores e áreas de apoio. A residência do governador conta com 15 cômodos, dois banheiros e uma sala principal. O edifício tem uma área de 21 mil metros quadrados e três pavimentos. Além do gabinete do governador, abriga as casas Civil e Militar e a Secretaria da Comunicação do governo.
O palácio conta com um significativo acervo artístico e histórico, composto por cerca de 4 mil itens, incluindo pinturas, esculturas, mobiliário e objetos decorativos. Há obras de Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Candido Portinari e Alfredo Volpi, De Tarsila, por exemplo, estão em exibição os quadros “Operários” e “Autorretrato 1”.
Além disso, a construção é cercada por um amplo jardim de 116 mil metros quadrados com mais de duas mil espécies de plantas nativas da Mata Atlântica e exóticas. O prédio é aberto à visitação.
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