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O escândalo de desperdício do INSS que não escandaliza ninguém

Em Belo Horizonte, onde estive recentemente, são vários prédios enormes subutilizados no centro, que pertencem ao INSS. Não se entende um programa de reocupação de centros históricos sem contar com o empenho do INSS.

O prédio do Grande Hotel, em Goiânia
O prédio do Grande Hotel, em Goiânia Imagem: Raul Juste Lores/UOL

Em Goiânia, o Grande Hotel, um dos três prédios mais antigos da cidade, está vazio, em parca preservação, e pertence ao INSS. Há anos, a prefeitura local negocia para que o imóvel seja transferido para a Secretaria de Cultura. Ironicamente, há uma disputa sobre os valores do imóvel. Sim, a turma que diz que “a Petrobras não precisa dar lucro, nem explicação para os acionistas minoritários” e que cobra “menos ganância do privado”, quando tem a caneta, quer cobrar preços exorbitantes de imóveis que estão se esfarelando. Não poucas vezes, o restauro e a adaptação vão custar mais do que o valor do imóvel total.

O prédio do Paissandú

Já que o INSS é um mau administrador de imóveis e, teoricamente, não quer passar esses prédios para a “especulação”, por que o governo Lula ainda não pensou em fazer um leilão destinado à moradia social e ao retrofit nesses imóveis? Com a participação da Caixa Econômica Federal. Em vez de conjuntos habitacionais no meio do nada, para favorecer as empreiteiras amigas de sempre, priorizar esses imóveis já prontos, bem localizados e sem a taxa de lucro de uma grande incorporadora. Que fossem de faixa 1 ou faixa 2, os patinhos feios do atual governo.

Para isso, a hipocrisia e demagogia de muitos precisarão ser revistas. No ano passado, assisti a um documentário decepcionante sobre o prédio que desabou no largo do Paissandú em 1º de maio de 2018. Por incompetência das gestões Bruno Covas e Ricardo Nunes, o buraco onde o edifício ficava continua lá, e nenhuma moradia subsidiada foi construída em quase sete anos. Mas, até se desmanchar no descaso, era prédio federal do INSS. De 2003 a 2018, abandonado, ocupado, desocupado, sem uso de novo.