Em Belo Horizonte, onde estive recentemente, são vários prédios enormes subutilizados no centro, que pertencem ao INSS. Não se entende um programa de reocupação de centros históricos sem contar com o empenho do INSS.

Em Goiânia, o Grande Hotel, um dos três prédios mais antigos da cidade, está vazio, em parca preservação, e pertence ao INSS. Há anos, a prefeitura local negocia para que o imóvel seja transferido para a Secretaria de Cultura. Ironicamente, há uma disputa sobre os valores do imóvel. Sim, a turma que diz que “a Petrobras não precisa dar lucro, nem explicação para os acionistas minoritários” e que cobra “menos ganância do privado”, quando tem a caneta, quer cobrar preços exorbitantes de imóveis que estão se esfarelando. Não poucas vezes, o restauro e a adaptação vão custar mais do que o valor do imóvel total.
O prédio do Paissandú
Já que o INSS é um mau administrador de imóveis e, teoricamente, não quer passar esses prédios para a “especulação”, por que o governo Lula ainda não pensou em fazer um leilão destinado à moradia social e ao retrofit nesses imóveis? Com a participação da Caixa Econômica Federal. Em vez de conjuntos habitacionais no meio do nada, para favorecer as empreiteiras amigas de sempre, priorizar esses imóveis já prontos, bem localizados e sem a taxa de lucro de uma grande incorporadora. Que fossem de faixa 1 ou faixa 2, os patinhos feios do atual governo.
Para isso, a hipocrisia e demagogia de muitos precisarão ser revistas. No ano passado, assisti a um documentário decepcionante sobre o prédio que desabou no largo do Paissandú em 1º de maio de 2018. Por incompetência das gestões Bruno Covas e Ricardo Nunes, o buraco onde o edifício ficava continua lá, e nenhuma moradia subsidiada foi construída em quase sete anos. Mas, até se desmanchar no descaso, era prédio federal do INSS. De 2003 a 2018, abandonado, ocupado, desocupado, sem uso de novo.