Netumbo Nandi-Ndaitwah é hoje a mulher negra mais poderosa da república da Namíbia. Ela foi eleita com 58,07% dos votos, em uma eleição marcada por disputas, desconfianças da população, pedidos de impugnação de urna e avanços da oposição. Netumbo tomou posse no dia 21 de março, e é a primeira mulher no comando do país após 35 anos de independência.
Trinta e quatro dias depois de empossada, Netumbo Nandi-Ndaitwah —também chamada de “NNN”— fez pronunciamento à nação da tribuna do Parlamento, presidido por uma mulher negra, Saara Kuugongelwa. Tradicionalmente, as cerimônias de posse acontecem no Estádio da Independência. Este ano, devido às fortes chuvas na capital Windhoek, foi transferida de local.
Os desafios de Netumbo no poder serão gigantescos. Com desemprego em alta —a taxa saiu de 33,4% para 36,9%—, analfabetismo progressivo e desigualdades duradouras, erguer a Namíbia promete ser mais trabalhoso para a chefe da nação do que se imagina. No seu discurso, é possível ter uma ideia do que enfrentará.
“Quando prestei juramento em 21 de março de 2025, prometi ser a presidente de todos os namibianos e liderar nossa nação com integridade e responsabilidade, promovendo a unidade de propósitos e o trabalho em equipe. Como namibianos, devemos nos concentrar na implementação de políticas e programas para criar empregos para nossos jovens e promover um desenvolvimento socioeconômico tangível.”
A presidente pretende orientar seu governo por sete “setores prioritários identificados e oito facilitadores”, entre os quais diversificação da economia e educação, com vistas ao “desenvolvimento e a prosperidade do nosso povo”.
Com metade da população desempregada, a escolarização baixa desde o nível básico, que é gratuito, Netumbo quer subsidiar em 100% o acesso ao ensino superior do país, a partir do ano de 2026. As instituições públicas visadas são a Universidade da Namíbia e a Universidade de Ciência e Tecnologia da Namíbia.
O governo se compõe essencialmente por mulheres, a começar pela vice-presidente, Lucia Witbool, nomeada por ela, já que o cargo não integra chapa eleitoral. Os ministérios como finanças, saúde e educação, também estão sob comando de mulheres.
O destaque é para uma jovem negra de 29 anos, Emma Theofelus, nomeada ministra da Informação, Comunicação e Tecnologia. Theofelus é influente ativista social, e ocupa postos no governo desde os 23 anos. Ela liderou as medidas de comunicação no combate à pandemia do Covid-19. Na época, produtos de higiene feminino ficarem isentos de impostos federais.
A presidente Netumbo Nandi-Ndaitwah, filha de um clérigo anglicano, é uma política de diálogo aberto e moderado. Na SWAPO (Organização do Povo do Sudoeste Africano), partido que a elegeu, milita há cinco décadas. Ascendeu na hierarquia partidária, exercendo cargos nos governos anteriores, como de ministra das Relações Exteriores.
Agora como chefe da nação, precisa reconciliar o país, marcado ainda pela dor do genocídio, ocorrido de 1904 a 1908, quando da ocupação alemã. Precisará de fôlego para combater a corrupção e o descredito da população, que cobra programas sociais, moradias e melhor distribuição de renda.
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