O serviço de moto por aplicativo não deveria ser legalizado nem aceito no Brasil, mas essa é minha opinião de leiga. Apesar dos argumentos de que as motos se deslocam mais rapidamente em meio ao trânsito caótico das grandes e médias cidades, e que são mais baratos do que usar outros veículos, o risco de graves ferimentos e de morte, para mim, não justifica a autorização deste meio de transporte.
O mototáxi é semelhante ao cigarro eletrônico: ambos são nocivos às pessoas e deveriam ser proibidos. Ou, no mínimo, sua regulamentação deveria ser antecedida por amplo debate com médicos traumatologistas e especialistas em segurança de trânsito.
Não se trata de implicância contra um meio de transporte. Um acidente simples, que muitas vezes só causaria perdas materiais em automóveis e ônibus, provoca graves ferimentos ou até perda de vidas em motocicletas.
Em São Paulo, Uber e 99Moto travam uma queda de braço judicial com a Prefeitura da capital paulista. No sábado (24), infelizmente, uma jovem de 22 anos, Larissa Barros Máximo, morreu em acidente na Avenida Tiradentes, em São Paulo. Um dos passageiros de um carro de aplicativo teria aberto, por brincadeira, a porta do veículo, provocando colisão com o mototáxi. A jovem foi arremessada a distância e atropelada. Nesta terça-feira (27), Uber e 99 deixaram de oferecer corridas de moto em São Paulo.
O acidente que vitimou Larissa teria sido evitado se o passageiro do aplicativo fosse mais cuidadoso, e se a 99Moto tivesse obedecido à determinação judicial do último dia 16 de maio, impedindo a circulação dos mototáxis. Na segunda-feira (26), a Justiça de São Paulo voltou a proibir que as plataformas Uber e 99 forneçam esse serviço. E o Procon-SP abriu um procedimento formal de fiscalização contra essas empresas, “pela oferta irregular de serviços de mototáxi na cidade de São Paulo, mesmo sem regulamentação da prefeitura e após proibição pelo Tribunal de Justiça”.
Como matéria desta Folha mostrou em janeiro último, várias capitais brasileiras —como Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Manaus, Curitiba, Recife e Goiânia— contam com serviço de mototáxi, muitas deles na informalidade.
Em 2024, houve mais de 300 mil atendimentos na rede pública em decorrência de acidentes com motos. Além de provocar mortes, há, também, os que sobrevivem com graves sequelas, como amputações e paralisias. Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), os acidentes de moto são um dos principais fatores da alta mortalidade no trânsito brasileiro. Motos são responsáveis por cerca de 40% das mortes em acidentes de trânsito no Brasil.
Para combater esse recurso à moto como meio de transporte, em função dos preços mais em conta e da rapidez no trânsito, os governos deveriam investir prioritariamente em linhas de metrô, trens urbanos e em sistemas de ônibus como o de Curitiba, com faixas exclusivas e estações-tubo.
Há, além disso, uma inovação brasileira que quase não foi ativada no país: o aeromóvel com propulsão automática, criado pelo engenheiro gaúcho Oskar Coester, já falecido. A patente do aeromóvel foi obtida em 1977. Atualmente, há somente uma linha desse transporte em funcionamento, que liga a Estação Aeroporto do Trensurb (metrô de superfície em Porto Alegre) ao Aeroporto Salgado Filho. E está em fase final a implantação do aeromóvel para ligar a linha 13 dos trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.
Portanto, há, sim, soluções viáveis, rápidas, mais acessíveis, seguras e, além disso, não poluentes.
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