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Mostras francesas, no Masp e Pinacoteca, vão a todo o país – 26/05/2025 – Plástico

Na contramão da atual temporada do Brasil em curso na França, os franceses chegam em peso aos trópicos no segundo semestre deste ano. O desafio é a escala geográfica muito maior do que o hexágono, como eles chamam a França continental.

Lideradas por Anne Louyot, uma diplomata francesa que serviu anos no país, as mostras ocupam espaços de Porto Alegre a Belém, com ações estratégicas em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador. Museus e centros culturais paulistanos, como o Masp, a Pinacoteca, o Ipiranga, o Instituto Tomie Ohtake e o Sesc Pompeia são o destino de algumas delas.

No museu da Paulista, a dupla de artistas conceituais Bureau d’Études participa da principal mostra do ano dedicada à ecologia. Na Luz, Dominique Gonzalez-Foerster, francesa com longa carreira em exposições no país, ocupa o átrio monumental do prédio de Ramos de Azevedo redesenhado por Paulo Mendes da Rocha, e Anna Pi, brasileira radicada em Paris, com uma passagem pela Bienal de São Paulo, faz uma performance com bailarinos franceses de break dance.

Em agosto, o Sesc Pompeia recebe a mostra “The Power of My Hands”, uma coletiva de 16 artistas mulheres de origem africana, entre elas a canadense Kapwani Kiwanga, que esteve na última Bienal de São Paulo e representou o seu país na Bienal de Veneza no ano passado. A exposição estreou há quatro anos no Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris.

Essa relação da França com a diáspora africana também está no centro da principal aposta dos franceses no país, algo que a mostra dedicada ao intelectual Édouard Glissant, da Martinica, ilha no Caribe sob comando de Paris, deve refletir em peso. Será a principal exposição do Tomie Ohtake em paralelo à Bienal de São Paulo, que começa em setembro.

DEBRET AMPLIADO Outra reflexão que atravessa tanto a França quanto o Brasil é a memória dos tempos coloniais e da escravidão. Agora em cartaz em Paris, uma mostra que põe em choque as controversas ilustrações de Jean-Baptiste Debret do dia a dia brasileiro no século 19 e releituras contemporâneas de seu trabalho, de artistas como Dalton Paula, Denilson Baniwa e Gê Viana, chegará ampliada ao Museu do Ipiranga, com mais artistas, e originais de Debret, já que na Maison de l’Amérique Latine, onde a exposição estreou, estão apenas algumas reproduções de seus desenhos.

TRIÂNGULO DAS BERMUDAS Nesse mesmo sentido, outro projeto da temporada promove uma troca de artistas entre Paris, Salvador e Dakar, sendo o Pivô, centro cultural na capital baiana, o destino de uma série desses nomes do lado americano do oceano Atlântico.

O centro cultural que fincou raízes em Salvador, aliás, acaba de anunciar uma parceria com a Hartwig Art Foundation, de Amsterdã, que vai apoiar o projeto de restauro do complexo da Ladeira da Misericórdia, obra-prima de Lina Bo Bardi, no centro da cidade.

MEIA-NOITE EM PARIS Enquanto isso, em Paris, os artistas Artur Lescher, José Resende e Raul Mourão se preparam para criar esculturas para a esplanada ao lado do pátio monumental com as colunas pretas e brancas, entrecortadas e grandes, do francês Daniel Buren, espaço vizinho ao Museu do Louvre.

CHACOALHÃO Dois artistas de peso têm mostras importantes em galerias do país. A guatemalteca Regina José Galindo terá uma performance inédita na Athena, no Rio de Janeiro, e o português Tiago Mestre vai transformar o espaço da Gomide&Co, em São Paulo.


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