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Jennifer Lawrence afirma que pós-parto é solitário – 18/05/2025 – Thiago Stivaletti

Os tempos de “Jogos Mortais” e “Crepúsculo” ficaram para trás. Jennifer Lawrence e Robert Pattinson agora escolhem filmes bem menos comerciais para trabalhar. Eles são o casal explosivo de “Die My Love”, em que a personagem dela, Grace, precisa lidar com a depressão pós-parto e uma grande crise de identidade após o nascimento do primeiro filho.

“Não existe nada como o pós-parto na vida de uma mulher. É um momento que pode ser muito solitário, assim como a ansiedade e a depressão extremas”, declarou a atriz, vencedora do Oscar pela comédia “O Lado Bom da Vida” em 2013. Em 2022, Jennifer tinha acabado de ter seu primeiro filho, Cy, fruto do casamento com o galerista de arte Cooke Maroney, quando leu o livro que deu origem ao filme e ficou impactada. Um segundo filho nasceu este ano, mas pouco se sabe sobre ele.

Jennifer estava se alinhando às angústias da sua personagem em “Die My Love”, mas também não deixou de ressaltar o lado maravilhoso da maternidade. “Ter filhos muda toda a sua vida. É algo ao mesmo tempo brutal e incrível. E nosso trabalho lida com emoção o tempo todo. Por isso, recomendo muito ter filhos se você quer ser ator ou atriz”, brincou.

Para Pattinson, que já esteve em Cannes inúmeras vezes, com filmes como “Mapas para as Estrelas” e “Cosmopolis”, de David Cronenberg, seu personagem, Jackson, é um cara normal tentando lidar com o pós-parto da mulher. “Ele é o tipo de cara que entraria no TikTok para ficar vendo vídeos sobre como cuidar dos filhos”, disse. O ex-vampiro da franquia “Crepúsculo” também tem uma filha de pouco mais de um ano, do seu relacionamento com a atriz Suki Waterhouse, mas também não revela o nome dela – sim, parece que esta é a nova tendência em Hollywood.

O britânico também teve que responder sobre como a paternidade mudou sua vida. “Ser pai é como receber um grande jorro de energia e inspiração”, exaltou. “É mesmo?! Você consegue ganhar energia criando um filho?!”, brincou Lawrence. “É um outro tipo de energia. É impossível para um homem responder bem essa pergunta! Eu estou aqui apenas pra dar meu apoio!”, ele devolveu, aos risos.

Na mesa também estavam Sissy Spacek, estrela de alguns dos filmes mais importantes dos anos 70, como “Carrie, a Estranha” e “Terra de Ninguém”, que vive a sogra generosa e compreensiva de Grace; e Lakeith Stanfield, da série “Atlanta”, que vive uma espécie de príncipe encantado nos sonhos de Grace, uma espécie de contrapeso à realidade infernal em que ela vive.

Pena que o filme da britânica Lynne Ramsay (de “Precisamos Falar sobre o Kevin”) faça esforço demais o tempo todo para chocar o espectador, exagerando ao extremo as crises emocionais da personagem de Lawrence. Depois da primeira sessão em Cannes ontem, alguns sites americanos se apressaram em aponta-la como forte candidata a uma indicação no próximo Oscar.

Mas “Die My Love” parece o tipo de filme pequeno e autoral demais para entrar no radar de Hollywood, ainda mais considerando que o roteiro nunca sai da deriva, indo do nada a lugar nenhum com o turbilhão emocional da protagonista. Mas, como a Academia adora uma atuação “over” como esta, nada é impossível.


Thiago Stivaletti é jornalista e crítico de cinema, TV e streaming. Foi repórter na Folha de S.Paulo e colunista do UOL. Como roteirista, escreveu para o Vídeo Show (Globo) e o TVZ (Multishow)