(Reuters) – O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, pressionado principalmente pelas ações da Petrobras (PETR3;PETR4) acompanhando o petróleo no exterior, em sessão também marcada pela divulgação de uma contenção de R$ 31,3 bilhões em gastos pelo governo federal para cumprir regras fiscais e expectativa de anúncio de elevação de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Posteriormente, o governo brasileiro anunciou um aumento no IOF, especialmente sobre operações de crédito para empresas. A decisão tem como objetivo arrecadar R$ 20,5 bilhões a mais neste ano e R$ 41 bilhões em 2026.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,44%, a 137.272,59 pontos, após marcar 137.087,96 pontos na mínima e 138.837,08 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou R$24,8 bilhões.
De acordo com o gestor de renda variável Tiago Cunha, da Ace Capital, a bolsa paulista reagiu positivamente a informações no começo da tarde de que o governo faria uma contenção de gastos maior que a esperada, que foram confirmadas na sequência com a divulgação do Relatório de Receitas e Despesas Primárias.
“Ao anunciar um contingenciamento maior que o esperado, o governo melhora a percepção sobre o fiscal, ajudando o Banco Central na tarefa de ancorar expectativas de inflação e, em algum momento, iniciar o ciclo de cortes de juros”, analisou.
Ele ressaltou, contudo, que informações envolvendo aumento do IOF, confirmadas no final da tarde após o fechamento da bolsa, acabaram repercutindo negativamente, minando a melhora no pregão.
A contenção anunciada pelos ministério da Fazenda e do Planejamento inclui um contingenciamento de R$20,7 bilhões e um bloqueio de R$10,6 bilhões. Em relatório de avaliação fiscal, as pastas apontaram que sem a contenção anunciada, o resultado primário de 2025 seria de déficit de R$51,7 bilhões.
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Após ruídos divulgados com o pregão aberto, o governo publicou no Diário Oficial da União decreto com mudanças no IOF, envolvendo seguros, crédito a empresas e câmbio.
DESTAQUES
PETROBRAS PN (PETR4) recuou 1,32% e PETROBRAS ON (PETR3) caiu 1,33%, acompanhando o comportamento dos preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent fechou em baixa de 0,72%. No setor, BRAVA ON (BRAV3) perdeu 2,47%, PRIO ON (PRIO3) encerrou negociada em baixa de 1,94% e PETRORECONCAVO (RECV3) terminou com acréscimo de 0,28%.
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VALE ON (VALE3) perdeu 0,75%, tendo como pano de fundo variações modestas dos futuros do minério de ferro na China, onde contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 0,14%, a 727 iuanes (US$100,93) a tonelada.
ITAÚ UNIBANCO PN (ITUB4) caiu 0,69%, acompanhando por SANTANDER BRASIL UNIT (SANB11), que recuou 0,8%, e BANCO DO BRASIL ON (BBAS3), que fechou com queda de 0,83%. BRADESCO PN (BBDC4) subiu 0,26% e BTG PACTUAL UNIT (BPAC11) avançou 0,2%.
AZUL PN (AZUL4) subiu 4,9%, após seis quedas seguidas, período em que acumulou um tombo de quase 29%. Na véspera, chegou a ser negociada a R$ 1, mínima histórica intradia, em meio a preocupações com as finanças da companhia aérea. No setor, GOL PN (GOLL4) ganhou 4,35%, ainda embalada pela perspectiva de que a companhia deve sair da recuperação judicial nos EUA no próximo mês.
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RAÍZEN PN (RAIZ4) disparou 12,36%, ampliando ganhos da véspera, quando o noticiário trouxe que o Pátria submeteu neste mês a apreciação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) operação referente à News Story relativos a projetos de usinas de geração solar distribuída detidos pela companhia.
JBS ON (JBSS3) subiu 0,43%, após trocar de sinal algumas vezes no pregão. Investidores estão na expectativa pela assembleia extraordinária na sexta-feira, quando acionistas decidirão sobre a dupla listagem das ações da maior processadora de proteína animal do mundo — nos Estados Unidos e no Brasil. O boletim de voto a distância da AGE, divulgado nesta quinta-feira, mostrou acionistas divididos sobre o tema.
TIM BRASIL ON (TIMS3) caiu 2,45%, tendo como pano de fundo relatório da XP cortando a recomendação dos papéis para neutra. Entre os argumentos, o analista citou perspectiva de crescimento modesto, com alta exposição da TIM ao segmento pré-pago em um cenário de pressões inflacionárias, o que levanta preocupações quanto à estabilidade da receita e à expansão da margem.
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MOTIVA ON (MOTV3) perdeu 0,6%, após garantira a manutenção de sua concessão da rodovia BR-163, no Mato Grosso do Sul, na primeira “otimização” de contrato de rodovia realizada no país. A empresa, que venceu o primeiro contrato de concessão da BR-163 em 2013 e afirma que já investiu cerca de R$1 bilhão na estrada, foi a única a apresentar proposta pela rodovia de 847 quilômetros.
ASSAÍ ON (ASAI3) subiu 5,46%, em dia positivo para o setor de consumo, na esteira do alívio na curva de juros. O Itaú BBA também reiterou classificação “outperform” para as ações e elevou o preço-alvo de R$11 para R$12. O índice do setor de consumo (ICON) avançou 0,5%.