Muita gente tentou desencorajá-lo a ser quem ele era: artista, sexualmente livre. Mas ele bancou. Fez o que precisava para viver sua verdade, como fica claro no filme “Homem com H”, de Esmir Filho, que estreou nessa quinta (1º) nos cinemas.
Ali, estão escancaradas as relações de Ney com seu corpo, com sua arte, com o sexo, com a liberdade —e o jeito que ele achou de não romper com seus próprios propósitos desde que saiu com aquela mochila do Centro-Oeste rumo ao futuro que o Brasil inteiro ia conhecer.
A criança reprimida, no entanto, ficou forte. Seguiu o caminho (talvez por isso mesmo) e, enfim, perdoou. A redenção é o ponto-chave, aliás, de uma existência sem amarras. “Esse sentimento escraviza, prende você em um momento da vida”, disse Ney, em entrevista ao jornal O Globo.
Quando a gente tem 17 anos, acha que tudo é definitivo e realmente se prende em mágoas. Do escuro, vendo o infinito, sem presente, passado ou futuro. Mas, ensina o repertório do cantor, “não vou saciar a sede do futuro da fonte do passado”. O mesmo que jurou mentiras e seguiu sozinho. Aquele que não sabia dizer nada por dizer, então escutava. Tem um verso cantado por Ney para cada eu. Para cada nós.
Aos poucos, durante o filme de Esmir, hipnotizada pelo rosto e olhar de Jesuíta, vou ordenando as coisas mornas e ingênuas que foram ficando no meu caminho desde aquele 1999. Muito leve, leve pousa. Simples e suave.