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Giovanna, MC Ryan e os famosos que a gente não conhece – 06/05/2025 – Rosana Hermann

São Paulo

O mundo é grande, e a internet parece infinita, o que torna impossível acompanhar todas as novidades sobre os “famosos” das redes. Não há como dar conta de tantos artistas e influenciadores. Aposto que você já se deparou com uma notícia sobre uma super celebridade da qual nunca tinha ouvido falar. E isso sem contar as diferenças de interesse entre gerações.

Muitos jovens, por exemplo, não faziam ideia de quem era Nana Caymmi até tomarem conhecimento de sua morte. Da mesma forma, eu não sabia quem eram Giovanna Roque e MC Ryan até que a conturbada separação do casal invadisse as manchetes e as listas de mais lidas. Justamente por não entender o fenômeno, resolvi pesquisar.

Giovanna tem quase 3 milhões de seguidores. Jovem, bonita, em seu perfil usa a combinação típica: fotos de biquíni e uma bio com referência a Deus. A modelo ganhou ainda mais destaque após as polêmicas com o ex-marido, MC Ryan, quem recentemente chamou de “lixo”.

Ele, exposto por agredi-la, é o clássico funkeiro da ostentação: posta fotos ao lado de jatos particulares e de “parças” como Neymar. Há também fotos dele com a filha do casal, em que ele aparece combinando a cor de seu look com a cor de um de seus Porsches.

Um de seus maiores sucessos é o funk “Casei com a Putaria” (com MC Paiva), que tem 233 milhões de views no YouTube. Aparentemente, esse casamento tem sido seu mais duradouro.

Observo tudo isso sem demonizar nem exaltar ninguém —só torço para que se entendam e que a criança seja criada com a atenção que merece. O que me faz refletir, porém, é como o conceito de “famoso” mudou.

Antes das redes sociais, as celebridades eram forjadas pela mídia tradicional —impressa, rádio, cinema e, principalmente, TV aberta. Artistas de novelas, apresentadores de auditório, cantores e atletas que apareciam nesses veículos formavam o panteão dos famosos. A internet, felizmente, democratizou o sucesso: hoje, qualquer pessoa pode produzir conteúdo e botar a cara na tela.

Surgiram blogueiros, youtubers e influenciadores das mais variadas áreas —moda, beleza, tecnologia, música, cinema, fofoca, games, ciência, viagens, educação. Até perfis só de selfies fazem sucesso. Tem público para tudo.

As redes mudaram tudo. Se um dia o sonho de um rei como Roberto Carlos era ter “um milhão de amigos” (algo impensável para um cidadão comum), hoje o cenário é outro. Só para ilustrar: estima-se que Instagram e TikTok tenham mais de um milhão de contas com mais de um milhão de seguidores cada.

Mas quanto dessa “fama” é consistente e quanto é só fumaça? Essas pessoas terão carreiras longas ou são hypes passageiros? Se a internet é mais democrática do que a TV, também produz celebridades efêmeras —como hits de verão.

Quem, dentre os artistas atuais, terá a longevidade de um Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia, Chico Buarque, Fernanda Montenegro ou Tony Ramos? Quem chegará aos 83 anos como Ney Matogrosso, ainda cultuado em biografias, musicais, filmes e enredos de escola de samba?

Ou o mundo moderno é assim mesmo: pulsos intensos e rápidos, seguidos do esquecimento?

Eu, criatura híbrida (metade da vida sem internet, metade com), sigo pesquisando, tentando ampliar meus interesses e conhecimentos. Busco fazer o mais difícil: observar sem julgar. E, por enquanto, falhando miseravelmente.


Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo