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Feiras agro pedem mais ferrovias para escoar safras – 13/05/2025 – Sobre Trilhos

A perspectiva, ano após ano, é a de o país registrar recordes na safra de grãos, situação celebrada pelo agronegócio, mas que carrega um problema histórico: como escoar essa produção?

Em março, o atraso para o início do plantio de soja devido ao clima e à colheita superior à safra anterior gerou filas de até 1.200 caminhões por dia no porto de Porto Velho, utilizado para o escoamento da produção de Rondônia e do noroeste de Mato Grosso.

Por causa de problemas como esse, pedidos pela ampliação do sistema ferroviário brasileiro tornaram-se comuns em feiras agrícolas, que geram bilhões em negócios.

Foi assim na Show Safra Mato Grosso, em Lucas do Rio Verde (MT), e na Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo).

Na feira mato-grossense, o avanço da infraestrutura e logística no estado foi o principal tema de um painel que discutiu o eixo de integração ferroviário oeste-leste.

Os participantes afirmaram que o sistema ferroviário é uma das principais apostas para otimizar o escoamento da produção agrícola de Mato Grosso, reduzir custos logísticos e aumentar a competitividade do estado.

No debate, Luiz Antonio Pagot, ex-diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), citou a localização geográfica de Lucas do Rio Verde como estratégica para o entroncamento ferroviário.

“Estamos diante de um momento histórico que definirá os rumos do município e de toda a região nos próximos dez anos. A consolidação desse entroncamento ferroviário não apenas impulsionará o crescimento local, mas também permitirá a distribuição de alimentos a um custo mais acessível, beneficiando não só o Brasil, mas o mundo todo”, afirmou durante a feira.

No evento, o prefeito de Lucas do Rio Verde, Miguel Vaz (Cidadania), disse que a feira teve debates importantes, como a duplicação da BR-163 e as ferrovias. “Mato Grosso é a maior região produtora de grãos e fibras do mundo, precisamos de ferrovias.”

Já na Agrishow, o presidente do conselho de administração da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Gino Paulucci Junior, afirmou que o Brasil é o celeiro do mundo, mas poderia ter uma agricultura ainda mais forte se gargalos logísticos fossem solucionados.

“Para isso, é urgente a necessidade de melhorarmos a infraestrutura, expandindo a capacidade de armazenamento de grãos, aumentando as áreas ligadas, o acesso à conectividade no campo e a melhoria das estradas e ferrovias que escoam a produção”, disse na cerimônia de abertura a uma plateia formada por produtores rurais, entidades do agro e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

JÁ EM OPERAÇÃO

Em outro importante corredor logístico para o agro, em Rio Verde (GO), os trilhos já fazem parte do dia a dia dos produtores rurais, com a conclusão da Ferrovia Norte-Sul, após imbróglio de quatro décadas.

A cidade abriga um terminal multimodal da Rumo, com capacidade para receber 11 milhões de toneladas de carga por ano. Um trem com 120 vagões pode ser carregado em menos de oito horas.

O tema esteve nas discussões da Tecnoshow Comigo, a principal feira agrícola do Centro-Oeste, realizada em abril na cidade goiana.

Com a conclusão da ferrovia, Goiás se conecta a Minas Gerais e São Paulo, num corredor até o Porto de Santos, o principal da América Latina.

Juntas, Agrishow e Tecnoshow geraram R$ 24,6 bilhões em intenções de negócios, sendo R$ 14,6 bilhões na feira no interior paulista. Nem todos os negócios iniciados nas feiras são efetivamente fechados, seja por fatores como desistência dos compradores ou restrições cadastrais ou financeiras. Por isso, os valores anunciados são apresentados como expectativas.


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