“A notícia é de que foram liberados oito códigos relacionados a semicondutores no porto de Shenzhen, um dos maiores da China. Possivelmente deverão fazer liberação para equipamentos médicos e químicos, etanol e gás liquefeito. Mas isso não está oficializado”, diz Marcus Vinicius de Freitas, professor da Universidade de Relações Exteriores da China.
Autoridades locais não confirmam. Pelo contrário, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores disse não estar ciente da notícia de que Pequim planeja eximir alguns produtos importados dos Estados Unidos de tarifas.
Marcus Vinicius não duvida que o recuo possa acontecer em setores específicos. “Americanos também abriram para produtos eletrônicos. Nenhum dos dois consegue ser 100% independente. Semicondutores são um problema pra China. Eles precisam de chips americanos e do sudeste asiático. Para alguns produtos não há substituto”.
Depois de uma segunda-feira de estresse nos mercados (Brasil estava fechado por conta do feriado), com a independência do Fed em xeque, as bolsas se recuperaram no restante da semana. Contribuíram sinais otimistas da Casa Branca de negociações com uma série de países e a temporada de balanços das empresas americanas. Embora gigantes como American Airlines, Procter & Gamble e PepsiCo tenham alertado sobre as dificuldades de planejamento diante da incerteza tarifária.
Para Álvaro Bandeira, coordenador de economia da Apimec, caso não haja recuo, o custo pode ser recessão em muitos países, com endividamento alto e possibilidade de atingir o setor financeiro. “O pior é que é uma crise fabricada, diferente de outras crises globais, como o subprime em 2008 e a pandemia em 2020.
Marcus Vinicius ressalta que Xi Jinping é pragmático, mas não dará o braço a torcer. Só sentará para conversar se for procurado por Trump. “São dois estilos diferentes na forma de agir. Trump impõe sua vontade e quer que os outros peçam desconto. Xi Jinping está numa diplomacia superativa. Viajou pelo sudeste da Ásia. E agora tem encontro com pares na Europa central.