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COP30 em Belém é oportunidade de salvar a Amazônia do colapso

A ocupação indígena da Amazônia, há mais de 12 mil anos, resultou nos atuais 1,15 milhão de quilômetros quadrados Terras Indígenas. Isso representa 23% da Amazônia brasileira, área responsável por 25% das chuvas produzidas na região. Essas chuvas são transportadas pelos rios voadores para além da floresta, contribuindo para o abastecimento hídrico e a produção agrícola em várias outras partes do Brasil, como o Cerrado, as bacias dos rios Paraná e da Prata e também o Sudeste.

A presença indígena na Amazônia foi crucial para a globalização da biodiversidade. Dezenas de espécies nativas, como mandioca, pimenta, urucum, murumuru, castanha-do-pará, cacau, andiroba, copaíba e açaí, são hoje patenteadas e consumidas em diversas partes do mundo. Ao todo, o uso de cerca de 2.300 espécies nativas foi relatado por Indígenas a cientistas e naturalistas, gerando inúmeros benefícios para as indústrias de cosméticos, alimentos, fármacos e biotecnologia.

Além disso, grande parte desse conhecimento está disponível somente em idiomas indígenas — saberes que podem ser cuidadosamente acessados para o benefício das populações locais.

Energia renovável a partir da biodiversidade

Outra estratégia promissora é a produção de energia renovável a partir de resíduos da biodiversidade amazônica. A biomassa gerada pelo processamento de frutos como o açaí e a castanha-do-pará é estudada há décadas como fonte energética.

Esses resíduos representam cerca de 60% do peso dos frutos. Apenas nos estados do Amazonas e Pará, estima-se que 1,7 milhão de toneladas de frutos sejam comercializados anualmente, gerando cerca de 1 milhão de toneladas de resíduos aproveitáveis. Com poder calorífico entre 17 e 19 MJ/kg, esses resíduos podem produzir entre 4,72 e 5,28 milhões de MWh de energia térmica bruta.