A informação é controversa. A coluna teve acesso aos questionários do anuário estatístico da USP, aplicado a todos os estudantes. De acordo com esses dados, num universo de 60.194 graduandos, 2,33% se identificam como trans, travestis ou não-binários.
É uma porcentagem superior à encontrada na população brasileira. Um artigo da revista Nature, frequentemente citado por militantes pró-cotas, estima que, no Brasil, a proporção de pessoas trans e não-binárias (que possuem identidade de gênero neutra, ambigênera ou que transitam) seja de 1,86%.
Ao menos 14 instituições federais possuem reserva de vagas para pessoas trans. Em São Paulo, Unicamp, UFABC, Ufscar e Unifesp aderiram à proposta. USP e Unesp estariam “atrasadas” na tendência, segundo o movimento estudantil.
Agilidade não é mesmo o forte do ambiente universitário. Em fevereiro de 2023, o Conselho de Graduação afirmou que as políticas para a população LGBTQIA+ deveriam ser objeto de reflexão.
Mas um grupo de discussão sobre cotas trans só foi formalizado na semana passada, e no âmbito de outra pró-reitoria, a de Inclusão e Pertencimento (Prip). À Folha de S.Paulo, a Prip disse que “a formação do quadro envolveu indicações de diferentes instâncias da USP, o que demandou tempo”.
É só o início do processo. Pela tramitação da USP, as sugestões precisam vir do Grupo de Trabalho da Prip, ser validadas nos conselhos de outras duas pró-reitorias (Graduação e Pós-Graduação) e, depois, no órgão decisório máximo da instituição, o Conselho Universitário. Um longo caminho que confere legitimidade à política, mas deixa as decisões muito mais demoradas.