O Citi cortou nesta segunda-feira (28) a expectativa de alta dos juros para 0,5 ponto na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), semana que vem.
Antes, a expectativa era para acréscimo de 0,75 ponto.
Em nota, o banco justificou a mudança por falas recentes de membros do Copom sobre a condução da política monetária.
Caso se concretize, a taxa básica de juros irá a 14,75% ao ano. O colegiado do BC se reúne nos dias 6 e 7 de maio.
Segundo analistas do Citi, uma alta menor, de 0,25 ponto, “significará um risco ainda maior de a inflação se afastar ainda mais da meta de 3%”.
Já para o encontro agendado para julho, o banco norte-americano tem perspectiva de pausa no ciclo de alta dos juros em meio um cenário esperado de melhora da perspectiva da inflação com redução da pressão sobre bens de consumo e sinais de desaceleração da economia.
“De modo geral, nossa nova projeção de política monetária prevê que o Copom eleve a taxa de juros para 14,75% em maio de 2025 e a mantenha estável até o início do próximo ano”, disse o Citi.
O banco ainda sinalizou que vê espaço para cortes somente a partir de 2026, com o recuo gradual da Selic até 12% ao fim do ano que vem.
Apostas para corte menor da Selic na próxima semana ganharam mais força após a divulgação da prévia da inflação de abril, na sexta-feira (25).
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo — 15 (IPCA-15) desacelerou a 0,43% em abril, após ter avançado 0,64% em março, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nos 12 meses até abril, indicador passou a subir 5,49%, de 5,26% no mês anterior.
O Banco Central persegue meta de 3%, com tolerância de 1,5 ponto para cima (4,5%) ou para baixo (1,5%).
A desaceleração na escalada dos juros já foi sinalizada pelo BC no último encontro, realizado em 19 de março, quando os juros foram a 14,25% ao ano após três altas seguidas de 1 ponto.
Galípolo diz que política monetária precisa de tempo
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira, durante participação no J. Safra Macro Day, em São Paulo, que é dar o tempo necessário para que a política monetária faça efeito sobre a economia.
Segundo ele, há preocupação com a inflação que está “rodando acima da meta” e com as expectativas desancoradas.
“Há necessidade de a gente poder dar o devido tempo para a gente ter os gaps e as defasagens da política monetária fazerem efeito após a gente ter realizado a elevação da taxa [de juros] e a necessidade de a gente ganhar flexibilidade e ter cautela no mundo onde a incerteza se elevou tanto”, afirmou na ocasião.
Galípolo destacou ainda que o Banco Central busca compreender não apenas o nível adequado para a taxa básica de juros, mas também o tempo necessário de manutenção desse patamar para assegurar a convergência da inflação.
“A gente quer entender por quanto tempo e em que patamar a gente precisa deixar a taxa de juros para atender a meta. O tempo foi generoso com a comunicação oficial do Copom da última reunião”, pontuou.
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*Com informações de Cristiane Noberto, da CNN em Brasília