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Brasil precisa acelerar regionalização das importações de frango – 19/05/2025 – Vaivém

A gripe aviária chegou, e o surgimento do primeiro caso em granja comercial força o país a buscar novos protocolos de negociações com os parceiros comerciais. O país se tornou gigante na oferta de proteínas, mas a relação comercial com o exterior ainda necessita de mudanças. China, União Europeia, México, Chile, África do Sul e Coreia do Sul vão deixar de importar 149 mil toneladas de carne de frango por mês, enquanto o país não voltar a ficar livre da doença.

Esses cinco países e a União Europeia, que deixam de importar do país como um todo, compraram apenas 10,7 mil toneladas do Rio Grande do Sul em abril. China e Chile, aliás, já estavam ausentes do mercado gaúcho. Com dimensões continentais, o Brasil precisa acelerar o processo de regionalização na comercialização com os demais parceiros. Os países citados, e outros que provavelmente virão, deixarão de comprar carne de frango de Mato Grosso devido a um problema ocorrido no Rio Grande do Sul, a mais de 2.000 km.

O processo de regionalização está sendo negociado com os importadores, mas deve ser implementado com urgência, principalmente com os grandes parceiros. Na recente viagem do governo ao Japão, o país conseguiu aprovar essa regionalização. Caso contrário, esse país asiático, o terceiro maior importador brasileiro de carne de frango, também estaria na lista dos que suspenderam as importações de todo o país.

Em conversa com a coluna, Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, diz que essas negociações realmente têm de avançar. Já ocorreram com o Reino Unido e com o Japão e avançarão com outros parceiros. “É um protocolo, e, para alterá-lo, precisamos de garantia de eficiência e boa diplomacia.” Na avaliação do ministro, se o país sair bem desse episódio, o que ele acredita que deverá ocorrer em 28 dias, terá credenciais para negociar a regionalização.

Segundo dados da Omsa (Organização Mundial de Saúde Animal), o cenário mundial, no entanto, tem mostrado que o combate à gripe aviária tem sido muito difícil. O relatório de abril da entidade indicou que, de outubro de 2023 a setembro de 2024, ano sazonal adotado pela organização, 40 países indicaram nova presença do vírus. De outubro de 2024 a abril último, em apenas sete meses, já são 43 países.

Entraram nessa lista Dinamarca, Hungria, Coreia do Sul, Polônia, Turquia, Reino Unido, Vietnã e Estados Unidos. Pelo menos 3,8 milhões de aves morreram no mês passado pela doença ou foram sacrificadas por pertencer a granjas infectadas.

Enquanto não houver um sistema eficiente de combate ao vírus H5N1, que provoca a gripe aviária, o mundo vai ter de conviver cada vez mais com a doença. De 2005 a 2024, foram abatidos 633 milhões de aves no mundo.

O primeiro caso de gripe aviária em estabelecimento comercial no Brasil vai dificultar as exportações, mas a interrupção deverá ser restrita ao longo dos meses, se o problema persistir. Muitos países que estão deixando de importar já convivem com a doença, e o Brasil é o principal fornecedor mundial. Sem ele, a demanda não seria suprida, e os preços subiriam muito.

Os Estados Unidos, mesmo com a presença do vírus em todos os seus estados, exportaram 3,5 milhões de toneladas no ano passado, apenas 500 mil a menos do que em 2022, ano do retorno da doença ao país.


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