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Astrônomos apontam objeto que pode ser o Planeta Nove – 04/05/2025 – Mensageiro Sideral

Já faz mais de nove anos que os astrônomos Michael Brown e Konstantin Batygin apresentaram a hipótese bombástica de que o Sistema Solar tenha um nono planeta, muito além de Netuno, e até agora ninguém o encontrou. Não foi por falta de procurar. Agora, um novo estudo traz um possível candidato –mas o resultado faz mais por demonstrar a dificuldade da descoberta do que por aumentar as chances de o termos encontrado.

Recapitulando: em janeiro de 2016, Brown e Batygin publicaram no Astronomical Journal um estudo apontando que alguns objetos transnetunianos, localizados nos confins do Sistema Solar, pareciam ter um estranho alinhamento que só poderia ser explicado pela influência gravitacional de um corpo celeste de porte planetário, com massa intermediária entre a da Terra (o maior dos planetas rochosos) e a de Netuno (o menor dos gasosos).

Esse postulado Planeta Nove (como costuma ser chamado nos artigos científicos) estaria a uma distância do Sol entre 280 e 1.120 vezes maior que a da Terra. Mesmo o menor dos números é muito maior que a distância até Netuno, o oitavo (e até o momento último) planeta, que corresponde a 30 UA (unidades astronômicas, correspondentes à distância Terra-Sol, 150 milhões de km). Com isso, o astro, se existir, deve ter um brilho muito modesto. Mesmo assim, não estaria fora do alcance dos nossos mais potentes telescópios –se ao menos soubéssemos para onde apontá-los, o que não é o caso.

Como não sabemos onde ele está, e seus supostos parâmetros orbitais podem colocá-lo virtualmente em quase qualquer lugar do céu, a única forma de buscá-lo é por projetos de varredura –iniciativas que pacientemente tiram fotos de todo o céu e geram imensos catálogos de objetos. Há vários desses por aí, com os mais variados fins, e foi nessa fonte que os astrônomos liderados por Terry Long Phan, da Universidade Nacional Tsing Hua, de Taiwan, tentaram beber.

Partindo de dois catálogos produzidos por telescópios espaciais de infravermelho (o comprimento de onda ideal para a busca pelo planeta), o americano Iras (lançado em 1983) e o japonês Akari (de 2006), eles fizeram uma busca sistemática por objetos que aparecessem deslocados na quantidade certa entre as duas sondagens para corresponder ao movimento esperado do Planeta Nove ao avançar em sua longa órbita ao redor do Sol.

Começando com centenas de milhares de objetos, eles terminaram com 13 pares presentes nos catálogos dos dois satélites, dos quais apenas um se mostrou resiliente após uma cuidadosa análise das imagens. É um objeto que pode acabar sendo o Planeta Nove. Mas pode também não ser. Apenas as observações do Iras e do Akari são insuficientes para traçar a órbita do objeto e determinar exatamente onde ele está, para que um telescópio com campo de visada menor (e sensibilidade maior), como o James Webb, possa ser apontado a fim de investigá-lo. Será preciso, antes disso, mais observações de varredura daquela região do céu para determinar com precisão sua posição e aí então partir para uma investigação mais detida.

O trabalho de Phan e seus colegas em Taiwan, no Japão e na Austrália foi aceito para publicação pela Pasa, revista científica da Sociedade Astronômica da Austrália, e está disponível no repositório arXiv.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, em Ciência.

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