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Alto escalão do Masp pede demissão após abertura do anexo – 05/05/2025 – Plástico

O grande monólito preto que o Masp inaugurou com alarde neste ano na avenida Paulista ofusca um quadro menos sólido nos bastidores do maior museu da América Latina. Em paralelo à abertura do anexo da instituição, parte importante do alto escalão no comando acaba de pedir demissão, um potencial abalo sísmico para o seu futuro.

Entre os que deixam a liderança, estão Geyze Diniz, vice-presidente do conselho e viúva de Abilio Diniz, grandes doadores por trás da expansão multimilionária, o vice-presidente da instituição, Jackson Schneider, e um dos diretores estatutários, Jean Martin Sigrist Júnior.

Cada apoiador individual do anexo, aliás, desembolsou a cota mínima de US$ 3 milhões, ou R$ 17 milhões, para a obra que custou R$ 250 milhões. Todos os que deixaram seus cargos na noite desta segunda-feira frisaram, em suas mensagens de despedida a colegas da direção, que continuarão patronos da instituição.

O desembarque de apoiadores que são pilares da era moderna do Masp, sob comando do empresário e colecionador Heitor Martins, que revitalizou o museu antes decadente nas mãos de Júlio Neves, não é um movimento repentino. É o que parece ser o ápice de insatisfações acumuladas na alta cúpula da casa de Lina Bo Bardi.

O estopim do que parece ser uma crise institucional foi a saída de Juliana Sá, advogada e antiga vice-presidente cotada como sucessora natural de Martins no comando do museu, em julho do ano passado.

Na sequência, deixaram seus cargos outros dois diretores estatutários, o jornalista Raul Juste Lores e a empresária Tânia Haddad Nobre, da família dona do grupo Insper e também doadora de fundos para a construção do novo prédio. À época, segundo pessoas próximas à direção do museu, houve uma articulação entre eles para a saída conjunta também de Schneider e Sigrist Júnior, mas os dois últimos permaneceram em seus cargos.

O pano de fundo em parte é sabido. Juste Lores foi o porta-voz de queixas internas da alta cúpula do museu em relação à atual gestão, num vídeo publicado por ocasião da inauguração do anexo.

Parte significativa da diretoria se queixa do que vê como tentativa de Heitor Martins permanecer no cargo além do prazo, a falta de diversidade no conselho que comanda o museu, a queda nos números de visitação, a crescente falta de transparência em relação a conversas estratégicas sobre os seus rumos, a ausência de um concurso público para a escolha dos arquitetos do novo prédio e uma política precária de acessibilidade, com ingressos caros e gratuidade às terças e sextas, quando muitos não têm tempo livre para um passeio cultural.

OUTRO LADO Procurado, o presidente do museu, Heitor Martins, disse que “as mudanças são parte do processo natural de renovação dos quadros do museu que acontece todos os anos, tanto na diretoria como no conselho”. “Isso acontece em todas as instituições.”


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