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A seleção brasileira será vermelha – 01/05/2025 – Renato Terra

O futebol não existe sem as forças sobrenaturais. O torcedor apaixonado sabe que o amor pelo seu time tem cores de fé. Uma torcida forma uma identidade a partir de torno de símbolos, valores e crenças. Craques são alçados ao Olimpo da imortalidade. Superstições decidem campeonatos.

O profeta tricolor Nelson Rodrigues lamentava a miopia dos idiotas da objetividade. Era assim que descrevia aqueles que insistiam em buscar racionalidade onde ele enxergava transcendência.

Os idiotas da objetividade diriam que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo. E nunca souberam enxergar Edson e Pelé.

Os idiotas da objetividade deixaram de ver a força gravitacional gerada pela marra de Romário. Ignoraram a potência do corte Cascão de Ronaldo para Oliver Kahn soltar aquela bola. Alguns negariam até as evidências de que Dadá Maravilha parava no ar como um beija-flor. Seriam os mesmos idiotas que contestariam o óbvio: a vertiginosa queda de desempenho da seleção brasileira está ligada ao uso do uniforme pela extrema direita.

O futebol mais alegre, criativo e insubmisso não veste golpismo, fascismo e obscurantismo. Algo importante foi desarticulado. A apropriação da camisa amarela causou danos profundos ao futebol e ao país. Idiotas dirão que “jogam dentro das quatro linhas” e jamais enxergarão as entrelinhas.

Esta semana, surgiram fortes rumores de que o segundo uniforme da seleção será vermelho. A CBF soltou uma nota enigmática, burocrática e sintomática que terminava assim: “A entidade reafirma o compromisso com seu estatuto e informa que a nova coleção de uniformes para o Mundial ainda será definida em conjunto com a Nike.” Diante da repercussão, acrescentou que o “estatuto” prevê as cores amarela e azul para os uniformes. Esta é a CBF que mantém o padrão de colecionar denúncias de conchavos seja qual for o presidente. A revista piauí elencou os mais recentes de Ednaldo Rodrigues. Além disso, a busca pelo novo técnico tem se mostrado tão confusa e humilhante que ninguém se surpreenderá se o escolhido for um bebê reborn. Tudo isso já é tradição.

É impossível prever o impacto sobrenatural na sociedade de um uniforme vermelho na seleção. Os idiotas da objetividade dirão que tudo não passa de marketing. Mas é possível que alguma camada do tecido social esteja se movendo para que os polos opostos ocupem o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo.


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