Até aí, dois terços de filme já passaram e a trama caminha em passos glaciais. A coisa só esquenta quando é revelado que Bob foi cobaia de uma experiência que buscava criar um super-homem e que o sujeito, dono de profundos distúrbios mentais, pode não ser o herói que o mundo precisa, e sim o vilão com capacidade para acabar com ele. Sem Vingadores para lidar com a ameaça, resta aos hesitantes Thunderbolts salvar o dia. Ou ao menos tentar.
É curioso como a Marvel espelha na trama de “Thunderbolts*” uma preocupação muito real do estúdio: a necessidade de preencher o vazio num mundo sem os Vingadores depois de “Ultimato”. Nada que o estúdio produziu para o cinema nos últimos seis anos teve lugar de destaque nas discussões sobre cultura pop —exceto talvez por “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” e “Deadpool & Wolverine”.
“Thunderbolts*”, diga-se, não é o filme que vai virar essa chave. Os personagens, coadjuvantes compilados de “Homem-Formiga e a Vespa”, “Viúva Negra” e da série “Falcão e o Soldado Invernal”, têm o carisma de uma goiaba.
Além de Yelena, nenhum deles tem arco dramático redondo, e parecem, sem exceção, descartáveis. Sem falar que é covardia colocar essa turma ao lado de Florence Pugh, atriz tão talentosa que eu pagaria o ingresso se ela estivesse apenas lendo a lista telefônica.

A seu favor, “Thunderbolts*” ao menos quebra a rotina do estúdio em florear seu terceiro ato com batalhas monumentais que pouco servem à história —de “Pantera Negra” a “Shang-Chi”, todos buscam um momento catártico ao estilo “Os Vingadores”.