Quando pensamos na Amazônia, ainda é comum que nossa imaginação vá direto para a floresta —sua imensa biodiversidade, seu papel no equilíbrio climático e os esforços de conservação. Mas a Amazônia também é feita de gente, e mais de 80% de sua população vive em cidades.
Foi justamente ao olhar para essas cidades que começamos, no fundo de impacto Estímulo, a enxergar uma dimensão muitas vezes invisibilizada: a urbana.
O Estímulo nasceu com o propósito de apoiar micro e pequenos empreendedores em regiões de baixa renda. Foi assim que, ao longo de cinco anos, apoiamos mais de 5.000 negócios em todo o Brasil, com crédito acessível, capacitação prática e tecnologia.
Não somos especialistas em Amazônia. Mas, ao levar nossa atuação para a região Norte, sentimos que havia algo importante a aprender: como a geração de renda nas cidades amazônicas pode se conectar à proteção da floresta?
Essa pergunta nos guiou na construção de uma tese de impacto que chamamos de Teoria da Mudança Estímulo Amazônia —um processo de aprendizado coletivo, construído a partir da escuta de parceiros, empreendedores e lideranças locais.
Nessa tese, buscamos entender como o fortalecimento dos pequenos negócios urbanos pode ativar um ciclo virtuoso de desenvolvimento econômico, inclusão e conservação ambiental na Amazônia Legal.
Cidades amazônicas estão entre as mais precárias do Brasil. Altos índices de informalidade, falta de saneamento, dificuldade de acesso à saúde, educação e conectividade. O desemprego afeta principalmente os jovens.
Nesses contextos, é compreensível que a pauta ambiental, por mais urgente que seja, pareça distante para quem está tentando apenas sobreviver.
Mas foi justamente nesse cenário que vimos uma oportunidade de impacto: apoiar pequenos negócios urbanos como forma de gerar alternativas econômicas reais.
Com mais empregos e estabilidade nas cidades, cresce a chance de quem vive ali construir seu futuro onde já está. E, assim, a pressão sobre a floresta deixa de ser vista como única alternativa de sobrevivência.
O desafio, no entanto, é enorme. A Amazônia Legal recebe apenas uma fração da carteira de crédito do país, mesmo com negócios viáveis e forte potencial de impacto positivo.
Além disso, sem formalização, empreendedores ficam à margem de políticas públicas e de investimentos estruturantes. Onde tudo é informal —inclusive a relação com o meio ambiente— também é mais difícil proteger e planejar.
O Fundo Estímulo Amazônia, que estamos estruturando, é fruto direto dessa escuta e aprendizado. Ele será totalmente voltado à região da Amazônia Legal e terá três frentes principais: crédito, capacitação e conexão em rede.
A proposta é contribuir com o que sabemos fazer: apoiar empreendedores com soluções financeiras inovadoras, mas de forma adaptada ao território, com humildade, parceria e disposição para seguir aprendendo.
Acreditamos que uma floresta protegida passa também por cidades e pequenos negócios mais prósperos. Mas sabemos que isso não acontece sozinho. Depende de articulação com políticas públicas, envolvimento comunitário e presença do Estado e das redes locais.
Nosso papel é contribuir com uma peça desse quebra-cabeça, pois acreditamos que o desenvolvimento urbano pode —e deve— ser uma estratégia de conservação. Porque proteger a floresta também exige investir em quem vive ao redor dela.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.