PVC – Arrigo, Carlo Ancelotti acaba de ser anunciado pela seleção brasileira. O que você pode dizer sobre ele?
ARRIGO SACCHI – Seu currículo fala por si só. Ele é o futebol, il calcio Foi dos meus jogadores mais importantes, Depois, meu treinador por dois anos na seleção da Itália. Fiz questão de contratá-lo. Começamos a montar o grande Milan com uma série de jogadores da Série C. Então, pedi que trouxessem Ancelotti da Roma. Berlusconi ouviu médicos e informaram que tinha problemas sérios nas pernas, que não poderia mais jogar em alto nível. Respondi. Não queria contratá-lo pelas pernas. Queria por sua cabeça. Foi meu líder.
PVC – Então você o levou para a Copa do Mundo de 1994 como seu assistente…
ARRIGO SACCHI – Ele era meu treinador. Me dizia, preste atenção a este jogador. E ele sempre tinha razão. Eu pedia a ele também que observasse, compreendesse o que estava acontecendo. Tinha enorme visão tática. Sobretudo, é uma grande pessoa. Isto o ajuda muito a ser o grande profissional que é.
PVC – Arrigo, você foi um revolucionário, mudou o jeito de a Itália jogar. Ancelotti parece diferente. Um líder de pessoas, mais do que um transformador do jogo. Como você avalia isso?
ARRIGO SACCHI – Preste atenção ao que vou dizer, porque é sério. Carlo tem algo que os outros técnicos não têm. Uma intuição, uma capacidade de enxergar o que está por trás do jogo, que tem a ver com o fato de ser uma pessoa extraordinária. Ele trabalha com pessoas e as compreende. É verdadeiramente algo que os outros técnicos não têm.