A OpenAI, criadora do ChatGPT, disse que deve permanecer sob sua controladora sem fins lucrativos, ao mesmo tempo em que deve avançar com os planos de mudar a estrutura de seu braço com fins lucrativos para permitir mais captação de capital para manter o ritmo na corrida da inteligência artificial.
O anúncio foi feito após uma tempestade de críticas e desafios legais, incluindo uma ação judicial de alto nível movida pelo rival e cofundador Elon Musk, que acusou a OpenAI de se desviar de sua missão fundadora de desenvolver IA para o benefício da humanidade.
“Tomamos a decisão de manter o controle da organização sem fins lucrativos depois de ouvir os líderes cívicos e discutir com os escritórios dos procuradores-gerais da Califórnia e de Delaware”, disse a startup em um post em um blog nesta segunda-feira.
Ela acrescentou que deve trabalhar com a Microsoft, reguladores e comissários sem fins lucrativos recém-nomeados para finalizar o plano atualizado.
A OpenAI havia delineado planos em dezembro para converter seu braço com fins lucrativos em uma corporação de benefício público, estrutura projetada para equilibrar os retornos dos acionistas com metas sociais, diferente das organizações sem fins lucrativos, que se concentram exclusivamente no bem público.
O objetivo da mudança era ajudar a startup a levantar mais capital e aliviar restrições ligadas à sua controladora sem fins lucrativos. Mas gerou preocupações sobre as escolhas da empresa para a alocação de ativos, se ocorrerá de forma justa para a organização sem fins lucrativos e sobre como ela deve equilibrar a obtenção de lucros com sua missão de desenvolver IA para o bem público.
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A OpenAI afirmou nesta segunda-feira que a empresa controladora sem fins lucrativos vai controlar a corporação de benefício público e se tornará uma grande acionista dela.
Bret Taylor, presidente do conselho da OpenAI, disse que o anúncio desta segunda-feira significa que a startup continuará a ter uma estrutura “extremamente próxima” da atual.
O CEO Sam Altman descreveu-a como um compromisso “que (funciona) bem o suficiente para os investidores, que estão felizes em continuar a nos financiar até o nível que achamos que precisaremos”.
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“Acreditamos que esse valor está bem acima do que precisamos para captar recursos”, disse Altman em uma teleconferência, acrescentando que “não houve mudanças em nenhum relacionamento com investidores existentes”.
A OpenAI anunciou em março que levantaria até US$40 bilhões em uma nova rodada de financiamento liderada pelo SoftBank Group, com uma avaliação de US$300 bilhões. A rodada estava condicionada à transição da empresa de IA para o status de empresa com fins lucrativos até o fim do ano.
Altman disse que a OpenAI ainda poderia receber financiamento do investidor japonês em tecnologia após a mudança desta segunda-feira.
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O SoftBank não respondeu imediatamente a um pedido de comentário, enquanto a Microsoft se preferiu não comentar.
Ainda assim, alguns analistas disseram que a manutenção do controle sem fins lucrativos poderia limitar a capacidade da OpenAI de levantar capital de forma tão agressiva quanto em uma estrutura corporativa mais convencional.
“Embora pareça resolver os problemas que a empresa estava enfrentando ao tentar se tornar uma entidade com fins lucrativos, ela ainda mantém a organização sem fins lucrativos como a principal proprietária da corporação de benefício público, portanto, não está muito claro o que muda”, disse Bob O’Donnell, analista-chefe da TECHnalysis Research.
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O anúncio também levanta questões sobre o futuro da ação judicial de Musk, que busca bloquear a transição da OpenAI para fora do controle das organizações sem fins lucrativos, entre outras alegações. Um julgamento com júri havia sido agendado para março de 2026.
Um consórcio liderado por Musk também fez uma oferta não solicitada de US$97,4 bilhões pela OpenAI no início deste ano, rapidamente rejeitada por Altman com um “não, obrigado”.
O CEO da Tesla possui uma startup de IA concorrente, a xAI, lançada em 2023.
A estrutura da OpenAI chamou a atenção em novembro de 2023 durante um dos maiores dramas do Vale do Silício, quando os membros da diretoria da organização sem fins lucrativos expulsaram Altman devido a uma falha na comunicação e perda de confiança. Ele foi reintegrado cinco dias depois, após uma manifestação de apoio de funcionários e investidores.