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A dor de uma tragédia que fez crescer o amor por um clube

Primeiro, no Porto, no dia em que o treinador da época, Mister Luigi Radice, foi ao estádio de Copenhague assistir Brøndby x Porto pela Copa dos Campeões (atual Champions League) em 1987, para concretizar a negociação, eu rompi todos os ligamentos do tornozelo. Isso aconteceu novamente em 1989, quando rompi o ligamento cruzado do meu joelho esquerdo.

Mas enfim, chegou 1991, e foi uma das maiores emoções que tive na vida como jogador de futebol. Me identifiquei com o clube, com sua história, com seu sofrimento, com sua torcida, de cara. Eu entendi que ali não se jogava só futebol, mas sim por um povo sofrido pela tragédia e também pelos operários da cidade, que formavam a maior parte da torcida do Toro.

Casagrande brilhou como goleador do Torino no começo dos anos 90 Imagem: Reprodução

Mas meu peito encheu, meu coração apertou mesmo foi quando fomos, no dia 4 de maio de 1992, à missa que acontece todos os anos nessa data, lá na Basílica de Superga. Quando vi as pessoas se direcionando para a basílica, com muitos indo a pé, com velas nas mãos, aquilo foi a gota d’água para que eu desabasse a chorar. Foi como se eu estivesse vendo tudo acontecer através do rosto das pessoas que estavam ali.

Ali eu me tornei mais que um jogador do Torino, mas um grande torcedor do Toro, um apaixonado pelo clube, pela cidade, pelo Estádio Filadélfia, que é onde treinávamos, mas havia sido o estádio onde jogava aquela equipe histórica. Quando chegava para treinar pela manhã, era impossível não olhar para um espaço reservado onde estavam algumas partes daquele avião.

Para ser jogador do Torino, precisa entender tudo isso, precisa compreender a dor de uma cidade e de uma torcida; senão, você só vestirá aquela camisa, mas não será parte daquela história.