Pular para o conteúdo

Política de Trump alerta para aventuras bolsonaristas – 28/05/2025 – Frederico Vasconcelos

As políticas migratórias de Donald Trump “têm causado pânico”, diz a brasileira Priscila Sousa, que tem cidadania americana e é deputada estadual pelo Partido Democrata no estado de Massachusetts.

Em entrevista à repórter Angela Boldrini, da Folha, ela diz que “as crianças não estão indo para a escola por medo.”

“Deve ter gente que não está buscando cuidado médico, vítimas de violência doméstica ficando em casa por medo de procurar a polícia, de serem entregues para a imigração.”

“Os policiais estão simplesmente falando ‘we don’t need a warrant’ [nós não precisamos de mandado]. Ou não estão se identificando, ou estão usando máscaras.”

“O sistema não está funcionando, (é) quase uma sensação de sequestro.”

As avaliações da deputada democrata servem de alerta para o risco, mesmo distante, de se repetir no Brasil o que ocorre nos Estados Unidos.

Em 2021, diante da suspeita de transtorno de personalidade e incapacidade de Bolsonaro para exercer a Presidência, acadêmicos e advogados pediram ao STF que o ex-capitão fosse submetido a exames psiquiátricos.

Na petição ao STF, os autores fazem referência aos norte-americanos, que optaram por construir um procedimento a partir de emenda constitucional, modelo recomendado para o caso brasileiro.

Na peça, citam artigo da National Geographic (“Calls to replace Trump via the 25th Amendment are growing. Here’s why it’s never happened before”).

O debate avançou com a edição ampliada do livro “The Dangerous Case of Donald Trump”, publicado originalmente em 2017 pelo psiquiatra forense Bandy Lee.

A obra reúne ensaios de 27 psiquiatras, psicólogos que alertam para “o perigo claro e presente” que a saúde mental do presidente dos EUA representa para a nação e o bem-estar individual.

Segundo a petição ao STF, “Bolsonaro mostra-se incapaz, vítima das armadilhas da inflexibilidade de sua configuração de personalidade, neurótica para alguns especialistas, psicótica, para outros, na falta de empatia com o sofrimento do povo brasileiro, em decorrência da pandemia.”

Afirma-se que Bolsonaro apresenta indícios de transtorno de personalidade paranoide. Tal condição faz com que a pessoa tenha “um padrão de desconfiança e suspeita difusa dos outros, de modo que suas motivações são interpretadas como malévolas”, segundo o Manual Estatístico e Diagnóstico (DSM) da Associação Psiquiátrica Americana.

Em carta aberta, 600 médicos formados na Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo, também concluíram que os atos e omissões de Jair Bolsonaro determinariam sua incapacitação.

A interdição de Bolsonaro foi requerida não por crimes, pois a eventual responsabilidade criminal deve ser aferida em outros processos, mas pela “incapacidade do presidente de entender o que é certo ou errado”.

“O exame de especialistas pode elucidar, para saber se se trata (…) de indício forte de incapacidade cognitiva, ou então de um comportamento que esconde simplesmente o desejo de praticar ilícitos”, registra o documento.

Morosidade do relator

O pedido ficou dois anos no gabinete do ministro Gilmar Mendes. Com a eleição de Lula, o processo foi extinto. Bolsonaro não exercia mais a função, e não competia ao STF analisar a matéria.

Entre a proposição da ação e o desfecho, o decano reforçou sua influência nas indicações de candidatos e promoções no governo Bolsonaro.

Presidente da Academia Paulista de Direito, o desembargador Alfredo Attié, um dos subscritores do documento, afirmou que “as instituições não funcionaram para defender o regime”.

“Os Poderes Legislativo e Judiciário, Ministério Público e sociedade civil paralisaram-se no cortejo de morte que se construiu desde o lançamento de uma candidatura insana.”

Também assinaram a petição os professores Renato Janine Ribeiro, da USP; Roberto Romano, da Unicamp, morto em 22 de julho de 2021; Pedro Dallari, da USP; José Geraldo de Sousa Jr, da UnB; e os advogados Alberto Toron e Fábio Gaspar.

Eles foram representados pelos advogados Mauro de Azevedo Menezes e Roberta de Bragança Freitas Attié.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.